Vou ser bem sincero com você eu nunca fui um grande fã de filmes musicais, principalmente aqueles filmes que param a cena pra do nada as pessoas começaram a cantar com coreografias super complexas para contar a história do filme.
Eu prefiro filmes onde a música é sim parte importante, mas que não tenha uma cara de “teatro musical filmado”, e Dance Dance With Me (2019) é um desses casos.
A história do filme é simples, possui algumas nuances que se melhor aproveitadas, poderiam ter feito o filme ser mais do que ele foi (mas de fato não acho que era essa a proposta).
Enfim do que se trata, o filme é todo centrado em Shizuka Suzuki (Ayaka Miyoshi, que de fato é o grande destaque do filme), que após uma sessão de hipnose incorpora uma estrela de musicais toda hora que uma música toca (e qualquer música mesmo, vale até toque de celular).
O filme tenta abordar fatos do passado dela mas é tudo muito raso, o que é uma pena, pois daria mais peso nas coisas, como o fato dela ter teoricamente problemas familiares e traumas por não ter conseguido cantar e dançar em uma apresentação da escola, o filme até aborda isso, mas como disse é tudo muito raso.
E pra te falar a verdade nem sei se o filme realmente precisaria aprofundar mais nisso, é uma comédia musical, só precisamos de um motivo para Shizuka sair dançando e cantando graciosamente por aí, e quanto a isso a história segue o seu papel.
Embora o Japão tenha uma cultura teatral e musical muito rica e eclética, no cinema são raros os filmes que aposta em musicais, mas ultimamente tem se arriscado mais e dando aquele “olhar japonês” pra esse gênero cinematográfico, como é o caso do filme Tokyo Tribe (2014), que não é lá tão bom assim, mas é sim um filme diferente.
E este filme inova ao tornar um filme musical mais simples e sem exageros, o filme tem sim boas cenas musicais, mas não é nada tão “glorioso” como nos filmes americanos, é tudo mais pé no chão. E a atriz Ayaka Miyoshi faz um ótimo trabalho ficando no limiar entre ter um filme dentro do filme.
Nunca temos aquela sensação de que o filme do nada para e ai começa o número musical (tirando a cena final), é tudo muito orgânico e as cenas musicais fazem parte do contexto, principalmente quando mostram de fato a realidade do que realmente aconteceu.
Uma das coisas que mais gostei do filme (depois da protagonista claro) é que o filme da uma guinada e se torna um mini “Road Movie“, com alguns personagens percorrendo algumas cidades japonesas a procura do hipnotizador. É aqui onde o filme alcança seu auge na comédia e mostra a que veio (apesar de que pra mim as duas cenas musicais do começo são as melhores).
Mas é aqui onde o filme cresce mais em história e sobre o que realmente quer falar, que no caso seria:
“Seja você mesmo, e não aquilo que as pessoas querem que você seja”.
Na maioria das vezes a gente critica negativamente uma obra artística por duas coisas, pela expectativa criada e por aquilo que a obra poderia ter sido (parece a mesma coisa, mas não é).
E porque eu digo isso? A moral do filme é clara como acabei de dizer nos parágrafos anteriores, o problema pra mim é que tudo poderia ser maior e ainda assim permanecer na proposta do filme que é justamente ser algo mais simples e leve.
No começo do filme vemos Shizuka almoçando com suas colegas de trabalho, elas resolvem parar de comer por estariam satisfeitas, mas Shizuka não. Mas para se manter no grupo, ela também diz que já está satisfeita, mesmo claramente não estando. Tanto que quando está em casa, ela basicamente só se alimenta com porcarias rs.
O filme tem outras cenas nesse sentido, onde basicamente a maioria dos personagens sentem aquela sensação de serem “impostores”, desde o executivo da empresa que não sabe fazer nada e usa seu charme para fazer suas funcionárias fazerem seu trabalho, ao hipnotizador que sempre se achou um charlatão. Só que o filme faz isso a conta gotas, daria pra fazer mais sabe?
Também fica no ar um certo conflito que Shizuka tem com sua família, mas isso é esquecido rapidamente.
Ok Doug, mas vale a pena?
Se existe uma palavra que definiria esse filme de forma perfeita seria carisma. É um filme simples, com um humor leve e descontraído, musicais legais (que inclusive usa clássicos dos anos 80 japoneses) que entrega aquilo que se propôs a fazer.
Trailer
Galeria de Fotos
Onde assistir?
Eu assisti Dance With Me (2019) através do JFF Plus Online Festival 2022 disponibilizado pela Japan Foundation São Paulo.
Alguns filmes podem não estar mais disponíveis no catálogo dos serviços de streamings e nem a venda, mas estou sempre atualizando os links… então fique sempre de olho.
[…] com mais de 120 mil participantes, incluindo o Brasil. Foi onde eu assisti o carismático filme Dance With Me de 2019 com a atriz Ayaka […]