Babel é uma palavra de origem hebraica, que entre várias coisas significa “confusão, desordem, confusão de línguas”.
A origem bíblica vem do capítulo onze do primeiro livro da bíblia, Gênesis. Segundo a história, a tal Torre de Babel (torre para os céus, ou torre para Deus) foi criada pelos homens, pois eles acreditavam que assim poderia chegar mais perto de Deus. Porém devido a arrogância desses homens, a torre foi destruída por Deus.
Além disso, os que restaram não conseguiam mais se comunicar e foi que assim que de acordo com a bíblia os povos se dividiram no mundo e foi criado os idiomas.
Ou seja, as pessoas deixaram de se entender (no caso literalmente), e é basicamente isso que o filme fala, sobre a falta de comunicação entre as pessoas e como isso na maioria das vezes pode causas tragédias gigantescas.
Mas de fato, embora isso de fato aconteça no filme e que desemboca em uma sucessão de más escolhas, pra mim o grande tema do filme é a teoria do caos, mas calma que chegaremos lá. Primeiro vamos ao início.
História
A história de Babel se passa em quatro países diferentes, Marrocos, EUA, México e Japão. São personagens diferentes que nunca se viram, mas que tem suas vidas entrelaçadas pelas escolhas de cada um.
O filme começa com um casal americano (vividos por Brad Pitt e Cate Blanchett) passando férias em Marrocos, eles viviam uma crise no casamento e viam nessa viagem uma forma de se reaproximarem, por isso deixaram seu casal de filhos com a babá mexicana (vivida pela atriz Adriana Barraza).
Pois bem, um acidente acontece e a mulher americana acaba tomando um tiro, fazendo com que a babá tenha que cuidar das crianças no dia do casamento do seu filho. A babá americana sem ter o que fazer acaba atravessando a fronteira para ir no casamento do seu filho e leva crianças americanas com ela, mas tem o problema ela é ilegal nos EUA.
Não precisa ser um gênio pra entender o que vai acontecer aqui né? Obviamente ela vai ser descoberta e coisas boas não vão acontecer. O filme é dirigido pela mexicano Alejandro González Iñárritu (ganhador do Oscar pelos filmes Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) e O Regresso) então ele usa esse núcleo do filme para fazer uma crítica à politica imigratória dos EUA.
E ele faz isso usando policiais mexicanos (mas com nacionalidade americana) perseguindo a babá, o que deixa tudo mais irônico.
Teoria do Caos
Mas nem só de críticas sobre a imigração vive Babel, o filme faz analogias diretas e indiretas à muitas coisas, vai desde a crítica ao homem branco americano que se acha superior a todo mundo, crítica às armas e flerta até com incesto. Mas a grande qualidade do filme é que ele faz isso sem escolher quem é a vítima e quem é o culpado, afinal no mundo de hoje todos nós somos um pouco de cada coisa.
OK Doug, entendi que você gostou do roteiro! Mas onde vem a parte da teoria do caos?
Vamos lá, primeiramente o que é teoria do caos? De forma bem resumida e de acordo com a ciência, a teoria do caos estabelece que uma pequena mudança ocorrida no início de um evento qualquer pode ter consequências desconhecidas no futuro.
E tudo o que acontece no filme é isso. Lembra do acidente em Marrocos com a família americana, que por causa disso teve que deixar os filhos com a babá mexicana, que por sua vez por causa disso teve que atravessar a fronteira americana com duas crianças americanas (e brancas)? Pois bem, o acidente acontece porque a mulher americana levou um tiro através de uma brincadeira entre duas crianças marroquinas. E advinha, essa arma teve origem japonesa.
Não vou entrar em detalhes aqui pra não estragar sua experiência, mas entende que alguém lá do Japão pode ter desencadeado uma desgraceira de más escolhas que mudou a vida de uma pessoa lá no México? E tem mais, embora o filme não mostre, provavelmente a arma pode ter vindo de outro lugar o que faz a vida ser um gigantesco ciclo de teoria do caos.
Mas nem só de roteiro vive um filme
Como vocês perceberam eu amei o roteiro desse filme, mas um filme não pode ser só isso. Mas podem ficar tranquilo, o restante também é maravilhoso.
Como o filme se passa em lugares diferentes, temos basicamente cinco filmes em um:
- No Marrocos vemos o drama de uma família destruída pela fatalidade, ou pelas más escolhas dos adultos;
- No Japão vemos os dilemas de uma japonesa surda que se sente perdida, após uma tragédia familiar;
- No México vemos o dilema de uma imigrante ilegal, que teve que abandonar a família para poder dar um pouco de conforto pra essa mesma família;
- E de novo no Marrocos onde vemos um casal americano tendo que lidar com questões políticas, culturais e linguísticas devido a um acidente. E claro um filme que une todas essas histórias pra contar outra.
Geralmente filmes assim costumam ser forçados na ligação entre as histórias, mas não é o que acontece aqui, a simplicidade de acontecimentos é que faz o filme ser o que é, e o trunfo aqui é da montagem do filme.
Além do filme se passar em lugares diferentes, ele também brinca com a nossa percepção do tempo, não necessariamente tudo está acontecendo em tempo real, algumas coisas estão a frente, outras estão atras e tudo isso é feito através de uma montagem relativamente simples, mas que por ser simples faz a gente embarcar no caminho que o diretor queria nos levar.
O destaque fica pra mim na cena da ligação do personagem do Brad Pitt no começo e no final do filme. É a mesma cena, mas vista por ângulos e lugares diferentes. Se o filme tivesse invertido essas cenas, mudaria todo o sentimento que você teria sobre ela, inclusive é essa cena que me fez perceber que todos ali eram vítimas e culpadas ao mesmo tempo.
E o Japão?
Como já disse temos vários filmes dentre de um só e junto com o núcleo do Marrocos, o núcleo no Japão é o melhor deles (aliás é por ter esse núcleo que esse filme está aqui rs). E por isso eu farei um vídeo especial só sobre ele, fique ligado aqui a lá no meu canal do Youtube que um dia saí.
Mas já adianto, é o onde filme brilha melhor tanto tecnicamente, quanto em sugestões de temas, quanto na parte sonora. Vocês vão gostar quando sair!
Ok Doug, mas vale a pena?
Vale! Vale muito!
Trailer
Onde Assistir?
Eu assisti Babel (2006) pela Sky (sim eu ainda assino isso rs). Alguns filmes podem não estar mais disponíveis no catálogo dos serviços de streamings, nem a venda, e nem em fansubs. Mas estou sempre atualizando os links… então fique de olho.