Silencioso ou Silent como também é conhecido, venceu uma brincadeira que fiz no Instagram. Na ocasião, eu perguntei pras pessoas qual o dorama preferido que elas assistiram em 2024, daí peguei os mais votados e fiz um enquete. No fim deu empate entre Silent (2022) e Alice in Borderland (2020 – em andamento), e hoje é dia de falar de Silent.
Não vou negar, embora eu tenha colocado no título “Um bom dorama, mas também um teste de paciência”, eu estaria mentindo se dissesse que não gostei de Silent, é um bom dorama, com uma boa temática, e com bons personagens… mas só boas intenções não basta. Acho que o dorama se perde no meio e fica rodeando assuntos que já estavam resolvidos, a sensação que fica é que não sabiam bem o que fazer com seus personagens e leva pra um final que deveria ser bonito, mas pra mim me passou um sentimento agridoce.
História
Eu acho a história de Silencioso (ou Silent vou ficar revezando rs), bem esperta. Ela se vende como mais um romance adolescente, para nos pegar de surpresa e ser uma história sobre comunicação e sobre aceitação.
Apaixonados na adolescência, Tsumugi Aoba (Haruna Kawaguchi) e Sou Sakura (Ren Meguro) são aquele típico casal de dorama, apaixonados, ingênuos, vivem um romance lindo. Porém do nada Sou Sakura termina o namoro e deixa Tsumugi Aoba arrasada.
Passa 8 anos, eles agora são jovens adultos, o que achei uma boa sacada sair da clichê romance adolescente. Tsumugi Aoba está em um relacionamento de 3 anos com Minato Togawa (Minato Togawa), também amigo de adolescência e melhor amigo de seu ex Sou Sakura.
Porém as coisas mudam quando Tsumugi Aoba acaba se esbarrando com Sou Sakura em uma estação de metro. Ela até tenta conversar com ele, mas é ignorada. O motivo, Sou Sakura perdeu a audição.
O dorama então começa a trocar entre ser um dorama de romance, com um Minato inseguro da relação com Tsumugi, afinal agora ele reencontrou o seu amor. E uma história muito madura sobre deficiência auditiva. Mas pra mim, ele acerta só nesse segundo tema.
Um dorama de romance?
O problema do romance de Silent, é que não existe de fato um romance. Tsumugi Aoba em nenhum momento demonstra realmente estar em um relacionamento amoroso com Minato, ela mesma diz que em certo momento “tinha se acostumado” com aquele relação. E Minato por sua vez é um personagem bonzinho até demais, se preocupa muito com a felicidade dos outros do que com a sua própria.
Como um personagem diz pra ele (uma das melhores personagens do dorama alias) disse:
Cara, você é baka (idiota) demais!
Enfim, talvez seja spoiler mas vamos lá, Minato apesar tudo percebe que Tsumugi nunca esqueceu Sou e ele mesmo termina o relacionamento. Não por raiva e nem nada do tipo, mas por perceber que seria o melhor para o três.
De fato foi uma decisão madura, mas isso acontece logo nos primeiros episódios e o dorama transforma ele em um personagem “pivo”, ou seja, a única função dele agora e existir ali no meio. Depois disso é basicamente 11 episódios onde o personagem fica andando em círculos.
Um dorama sobre deficiência auditiva?
Pra mim onde o dorama acerta em cheio é ao tratar o tema da deficiência auditiva, é uma história bem madura, não vende os surdos como coitados, e nem como especiais. São pessoas como qualquer um, com defeitos e qualidades como qualquer um. Pra mim a melhor forma de tratar alguém com PCD, é justamente trata-la como uma pessoa normal.
Acho interessante como eles mostraram que pessoas surdas, também podem tem um certo preconceito com pessoas que ouvem ou pessoas que nasceram ouvindo e perderam a audição aos poucos. É como se eles fossem um clubinho, que só eles conseguiram se entender.
Por exemplo a Nana Momono (Kaho), surda de nascença ela talvez seja a melhor personagem do dorama e com mais camadas. Ela acredita que por ter nascido surda, ela não poderia se relacionar com pessoas ouvintes, pois na opinião dela como ela conseguiria se comunicar com essas pessoas? E mesmo que conseguisse, será que essas pessoas que por exemplo aprenderam linguagem de sinais, estariam de fato interessado nela ou apenas com pena?
Ao mesmo tempo que ela é um pessoa carente, se apaixona platonicamente por muitas pessoas e só percebe isso depois.
É uma personagem fascinante, deveria ter sido a protagonista inclusive. Acho que ela tem todo um desenvolvimento, tanto de aceitação própria, como aceitar pessoas ouvintes na sua vida. E ao que indica até trocou de lado no fim (rs)
Gosto também de como o dorama tenta passar por todos os conflitos que um surdo pode ter com ouvintes e também com outros surdos. E é onde entra o Sou Sakura.
Sou Sakura
Sou Sakura por ser uma pessoa que nasceu normalmente e foi perdendo a audição com o tempo, ele é o personagem que mais está em conflito. Em certo momento ele quer se isolar de todos, inclusive foi um dos motivos dele terminar com Tsumugi no passado e ignorar todos seus amigos.
Ele passa por todo um desenvolvimento de aceitação, de aceitar a ajuda da sua família, do amor de sua mãe que em certos momentos negligencia seus outros filhos em prol dele. Porém o encontro dele com Tsumugi faz ele mudar esse pensamento.
Mas aí que começa o meu problema com o dorama. Embora ele tenha passado todo um processo de crescimento pessoas, ao mesmo tempo, ela passa a sensação que ficou no passado. Ele a Tsumugi.
Difícil evitar spoiler aqui mas Silencioso, não é um dorama com muitas reviravoltas e acontecimentos, como disse as coisas já estavam resolvidas na metade. Então passamos basicamente vendo o Sou Sakura, se decidir se vai ou não ficar com Tsumugi, ela que por sinal em nenhum momento sentiu essa dúvida, embora eu ache que ela sinta mais uma nostalgia do passado do que realmente tenha se apaixonado novamente por Sou.
O último episódio mesmo é basicamente uma repetição do que já tinha acontecido antes, vemos Sou inseguro sobre sua relação com Tsumugi. E vemos Tsumugi sem dúvidas no que quer. Bonito? Sim, mas repetitivo.
Eu até poderia criar um tópico pra falar da Tsumugi, mas acho que ela é a personagem que menos se desenvolveu. Ela basicamente é tratada como o troféu e aceita isso. Pra um dorama que se vende como maduro, acho que ela deveria ter sido mais firme em seus sentimentos. Só aceitar tudo e pronto, não me parece amor, me pareceu mais uma culpa por uma doença que ela não tem culpa alguma. Sabe o a história do saudades do que a gente não vivei? Um pouco disso.
É bom, mas é um teste de paciência
Se você me acompanha talvez já deva ter percebido que na maioria dos meus posts, o meu maior foco é na história e na forma com que ela é contada, o que pra mim no fim das contas é o que mais importa em uma obra áudio visual. Porém a parte técnica e o ritmo estão ali para ajudar a contar a história, e tirando esses aspectos de roteiros que disse durante o post, o ritmo pra mim também é uma das coisas que me tiravam do dorama.
E chega ser irônico, pois o fato do dorama ser lento ajuda a gente a entender melhor como nos comunicar com uma pessoa surda, afinal tudo tem que ser devagar, para que tanto o ouvinte entenda o surdo, como o surdo entenda os ouvinte. E nisso realmente o dorama acerta muito bem no tom, mas erra na exceção dos episódios.
A sensação que passa é que o dorama começa um episódio e termina da mesmo forma, 11 episódios é exagerado pra uma história que já estava resolvida na metade. O que é chato, pois o que deveria ser uma viagem interessante sobre um assunto interessante, acaba se tornando um teste de paciência. Em muitos momentos a vontade que eu tinha era de pegar meu celular e ver alguma treta no X.
A sorte é que todos os personagem estavam muito bem no seu papel, como a maioria teve que aprender linguagem de sinais e/ou pelo decorar suas falas em linguagem de sinais, tudo pareceu super natural. Gostei de como fizeram a Tsumugi Aoba (Haruna Kawaguchi), falar usando linguagem de sinais, mas também usar sua voz. Pra quem tá assistindo é legal, pois serve tanto pra quem ouve como pra quem não ouve. Muito bom
E olha, geralmente não gosto muito de protagonistas masculinos em histórias que tem romance, mas Ren Meguro foi uma ótima surpresa ao interpretar um personagem com deficiência auditiva, mais do que quando o personagem falava eu diria (rs).
OK Doug, mas vale a pena?
Embora em tenha pegado no pé um pouco no desenvolvimento da história, é um dorama bacana, com uma temática importante (embora eu não ache que é isso que faz uma história ser boa ou não), mas não seria um dorama que eu assistira novamente. Seu ritmo arrastado demais, ao ponto de parecer que estava enrolando foi um teste de paciência, talvez funcionasse melhor se fosse um filme.
Beijos e até mais!
Onde assistir Silent (2022)?
Eu assisti Silent (2022) pelo Viki.
Algumas produções podem não estar mais disponíveis no catálogo dos serviços de streamings e nem a venda e às vezes nem nos fansubs , mas estou sempre atualizando os links… então fique sempre de olho.