Durante uma cena de “Nanba MG5” (2022), Godai (Fuju Kamio) diz a Takeshi Nanba (Shinnosuke Mitsushima):
“Eu gostaria que Nanba fosse tão estúpido e simplório como você!”
Embora a tradução não seja exatamente essa, essa frase definiu o dorama “Nanba MG5” para mim, pois é um dorama que poderia ter sido muito mais e, apesar de não ser estúpido, escolheu ser simplório.
História
Embora carregada de um pouco de fantasia e exagero, a história de “Nanba MG5” é interessante. Nela, acompanhamos Tsuyoshi Nanba (Shotaro Mamiya), filho do meio de uma família de “delinquentes”, que decide que quer viver a vida normal de um estudante do ensino médio.
Mas por vir de uma família “complicada”, ele esconde de sua família e acaba vivendo uma vida dupla, escondendo da família que é um estudante comum e escondendo de seus amigos que é um delinquente.
O que mais gosto na história desse dorama é que ele usa o exagero da família de delinquentes para criar uma espécie de sátira da sociedade japonesa, onde pessoas de famílias mais humildes sempre são vistas como inferiores, incapazes de mudar algo em suas vidas, afinal, um delinquente, sempre um delinquente.

Inclusive eles mesmos possuem esse pensamento, como é o caso de Takeshi, o irmão mais velho de Tsuyoshi, um sujeito desempregado que vive de apostas em casas de Pachinko (assim como sua mãe) e brigas de rua. Pois na realidade dele, somente a força pode mostrar que ele tem valor na sociedade.
No entanto, toda essa profundidade que a história parece ter não existe. É mostrado apenas lampejos disso, pois o dorama prefere perder tempo em cenas de luta pouco inspiradas e deixa de lado o que ele tinha de melhor: a relação entre seus personagens.
A família Nanba
A família Nanba é composta por 5 pessoas: o pai Masaru Nanba (Takashi Ukaji), a mãe Naomi Nanba (Sarina Suzuki), o irmão mais velho Takeshi Nanba (Shinnosuke Mitsushima), obviamente Tsuyoshi Nanba (Shotaro Mamiya) e a irmã mais nova Ginko Nanba (Nanoka Hara).
Para mim, a família Nanba é a melhor coisa deste dorama. Caricatos ao extremo, eles representam a típica família que já perdeu a esperança de ser algo a mais, se acomodou em sua realidade e viu na violência uma forma de se sentirem parte da sociedade, mesmo tendo a consciência de que poderiam ser mais do que são (assim como o dorama).

Mas o que me incomoda aqui é que o dorama às vezes esquece que eles existem e o que poderiam oferecer de melhor, a interação entre eles é pouco vista durante as cenas. Parece que estão ali apenas para mover a história em cenas específicas e não que de fato são importantes para a história em si.
Aliás, isso acontece muito durante o dorama, personagens brotam do nada apenas para servir o roteiro. Quando o roteiro não precisa mais deles, eles somem, quando precisam de novo, eles aparecem. Faltou um pouco de consciência narrativa aqui.
Nanba, estudante de ensino médio?
Como você viu, Nanba queria viver uma vida de estudante normal, então ele se matricula escondido de sua família em uma escola, adivinha? Normal, mas que coincidentemente fica ao lado de uma escola de delinquentes (cômodo para o roteiro, né?).
Obviamente que isso não seria tão fácil, logo ele percebe que terá que usar a violência mesmo “sem querer” para proteger seus novos amigos, e aqui o dorama vira quase que um videogame.
A cada episódio, um adversário “maior e mais forte” aparece para atrapalhar a vida escolar de Nanba, como uma fase de videogame. Porém, chega uma parte em que Nanba já derrotou todo mundo e o roteiro precisa criar mais problemas para ele, então personagens começam a brotar do nada e ele tem que resolver esses problemas.
Problema resolvido? Ótimo, o personagem some e só volta quando o roteiro precisa mais dele. E quando some, é literalmente.

Um exemplo disso é Yayoi Makino (Yuuka Suzuki), que junto com Miyuki Fujita (Aoi Morikawa), entra no dorama para criar o triângulo amoroso com Nanba. Mas esqueça, isso não acontece, o personagem dela literalmente some quando o roteiro precisa. Ela só entrou na história como uma muleta narrativa para Nanba poder lutar em Hiroshima, ela era membro de um gangue de mulheres.
O episódio é bacana, pois mostra o motivo de alguns jovens se juntarem em gangues para se protegerem, entre outras coisas, mas como tudo no dorama… é simplório demais.
Um dorama de ação?
Não tem muito do que se surpreender com a história; é uma história clichê que você sabe onde vai terminar. Pelo bem ou pelo mal, é um dorama que escolheu ser algo mais simples. Mas e as cenas de luta?
“Nanba MG5” apesar de não ser necessariamente um dorama de ação, ele possui bastante cenas de lutas em todos os episódios. Mas se você espera algo coreografado e diferenciado, esqueça também!
Todas as lutas parecem iguais, com empurrões, socos e maquiagem de ferimentos idênticos em todos os personagens. E o que, para mim, é pior, em nenhum momento você teme pelo Nanba; você percebe que, de uma forma ou de outra, ele sempre vai vencer. E o dorama mostra um resumo de tudo isso antes do episódio começar, o que só atrapalha.

Mas não é um dorama totalmente ruim
Mas, apesar dos pesares, se eu disser que é um dorama totalmente ruim, estaria mentindo. “Nanba MG5” tem seus bons momentos, principalmente nos diálogos dos personagens. Destaco aqui o episódio número 5 e 6, o cinco se passa no Natal. E se você me conhece, sabe que eu amo o Natal (aumentei um pouquinho na nota só por causa disso rs).
Poderia ser melhor? Poderia! Poderia ter tido mais profundidade? Poderia! Mas, com dois episódios, eu percebi que o dorama talvez não me entregaria a profundidade (tanto em roteiro quanto até mesmo estética) que eu queria.
A trilha sonora também não é ruim, nada de tão excepcional… mas possui boas músicas.
Ok, Doug, mas vale a pena?
Eu sempre termino meus posts com “Ok, Doug, mas vale a pena?”, mas apesar disso, a intenção do meu conteúdo não é dizer o que vale a pena assistir ou não; isso é algo que você deve decidir.
Dito isso (rs), eu esperava muito mais. Talvez eu tenha criado uma expectativa alta demais para as pretensões do próprio dorama, que preferiu ser simplório e ser apenas mais um passatempo.
Existe um episódio especial que é basicamente um episódio resumindo toda a história com alguns acréscimos que não acrescentam muita coisa na história. Esse episódio é a visão do cachorrinho do Nanba da história (aliás, o cachorro poderia ter sido mais usado na trama também). Ficou curioso sobre a história? Assista esse episódio especial que o efeito será praticamente o mesmo, e você ainda poupa seu tempo.
PS: Eu não mencionei durante o texto, mas embora os japoneses pareçam ser bem mais novos do que realmente são (principalmente as mulheres), ver um ator de 29 anos se passando por um adolescente de 15 a 18 anos não convence muito. E olha que o ator é bom, mas esteticamente causa estranheza.
Beijos e até mais!

Onde assistir Nanba MG5 (2022)?
Eu assisti Nanba MG5 (2022) no Mahal Dramas Fansub.
Algumas produções podem não estar mais disponíveis no catálogo dos serviços de streamings e nem a venda e às vezes nem nos fansubs , mas estou sempre atualizando os links… então fique sempre de olho.