E como prometido no meu post de As The Gods Will (umas das obras que Round 6 teria plagiado), aqui está a minha opinião sobre essa polêmica toda. E se você leu o título e principalmente o subtítulo, você já sabe… as coisas são mais complexas do que parecem.

Começo minha viagem com a frase de dois filósofos brasileiros, Chacrinha o saudoso comunicador e apresentador brasileiro e claro esse que vos fala.

Round 6 - Boneca
Não me deu medo não rs

“Nada se cria, tudo se copia!” Chacrinha

Ele usava esse frase para falar sobre a tv brasileira nos anos 80/90 onde era tudo muito parecido. Acontece que isso serve e muito para a cultura pop hoje dia, seja ela de qualquer país.

Vivemos em um mundo cada vez mais globalizado e depois que surgiram os serviços de streaming (principalmente a Netflix), começamos a ter acesso a produções do mundo todo e logo percebemos que tirando algumas diferenças culturais é tudo muito parecido.

Se antigamente Matrix pareceu ser revolucionário (e realmente foi) e mesmo assim foi acusado de plagiar algumas obras japonesas (como Ghost In The Shell) hoje em dia a diferença de uma obra pra outra é ainda menor e qualquer mínima inspiração que aconteça, logo vem acusação de plágio. E foi exatamente isso o que aconteceu com Round 6.

“Copiar de um é plágio, copiar de muitos e homenagem/inspiração” Elias, Doug

O diretor de Round 6 (Hwang Dong-hyuk) ao ser questionado de ter plagiado o filme As The Gods Will (2014) disse: “É verdade que [o primeiro jogo] é similar, mas além disso não há qualquer semelhança. Trabalhei [em Round 6] entre 2008 e 2009, e na época já tinha decidido que o primeiro jogo seria Red Light, Green Light [brincadeira infantil sul-coreana]”. O autor também disse que é justo dizer que foi ele quem teve a ideia primeiro: “Não é algo que quero fazer, [reivindicar] a autoria desta história. Mas se precisar, diria que fiz isso primeiro.”

Em outra entrevista porém ele assumiu que lia muitos mangas e produções japonesas como Liar Game e Battle Royale (que pra mim foram as grandes inspirações dele).

Round 6 - Lee Jung-jae
Lee Jung-jae (456)

Eu realmente acredito que ele possa ter escrito a história antes, e que a semelhança entre as histórias pode ter sido somente coincidência, afinal apesar de nomes diferentes a maioria das brincadeiras infantis mostradas em Round 6 são iguais no mundo todo.

Por outro lado fica claro que ele viu sim o filme japonês, as cenas do primeiro jogo em ambas as produções são de fato muito parecidas. Mas como disse no meu post do filme As The Gods Will (2014), são cenas tão clichês que acusar isso de plágio seria forçar a barra demais né?

Round 6 - Boneca
Sério mesmo, não me deu medo rs

Death Games/Jogos Mortais

Se você acompanha produções japonesas de qualquer espécie sabe que o gênero death game basicamente permeia a grande maioria das produções, mas do que se trata o gênero death game?

Como o próprio nome diz, são jogos mortais. Podem ser por motivos sobrenaturais, feito por governos autoritários, feitos por uma grande corporação, valendo dinheiro, valendo a vida, valendo uma vaga de emprego, valendo o toba, etc. Não importa o motivo, a única coisa em comum é… “só um” vai sobreviver e levar o prêmio (seja lá qual for ele).

Geralmente esse tipo de produção usa de metáforas diretas ou indiretas para criticar a sociedade, seja o capitalismo, o socialismo, o comportamento animal e selvagem do ser humano em situações limite e por aí vai.

E o que eu quero dizer com isso? Que é difícil você afirmar que uma produção plagiou a outra, seria como dizer que um filme de assassino mascarado plagiou o outro e mudou só a máscara (apesar de que sim podemos dizer que isso é um plágio rs).

Round 6 - Homem Mascarado
Pra mim o melhor personagem da série, tomara que falem mais dele na segunda temporada.

E onde entra Round 6 isso?

Pra mim Round 6 fica no limiar entra ter se inspirado nessas obras e ter de plagiado, pois é fato que algumas cenas são muito, mas muito parecidas, como é o caso da cena de abertura de Round 6 e do filme As The Gods Will.

Por outro lado, se você deixar de lado o hype vai perceber que mesmo sendo uma série acima da média, Round 6 não inventou a roda. Não tem nada ali que eu já não tenha visto em outro lugar, o que Round 6 fez foi reunir uma imensidão de referencias e embalar de uma forma extremamente palatável, quase que feita pelo algoritmo da Netflix.

Alias, a cultura pop coreana vem despontando em termos de sair do nicho exatamente por isso. Eles pegam toda a estrutura e conceitos de produções japonesas e as adequam para uma visão mais geral das coisas, afinal precisamos reconhecer que produções japonesas pode soar bem “estranhas” para as pessoas foras de nicho e a Coréia do Sul aprendeu a vender sua cultura pro exterior.

O que Round 6 fez foi pegar referencias coreanas, japonesas e de cultura pop  em geral (tem até um pouco de A Fantástica Fábrica de Chocolates tem ali) para compor sua mitologia, não é atoa que temos personagens não coreanos na série. E é exatamente por isso que Round 6 parece tão familiar, mesmo vindo de um lugar que tirando a galera que curte cultura coreana, não conhece.

Alice in the borderland
Gostou de Round 6? Assista Alice In The Borderland, tem na Netflix.

Ok Doug entendi, mas plagiou ou não?

Como eu disse no começo do texto, NÃO! Porém é evidente que a série se inspirou em dezenas de outra obras (e em algumas se inspirou até demais rs). Mas não acho que tenha plagiado algo, pelo menos não de propósito. Mas também não podemos negar que, se essas obras não existissem Round 6 provavelmente também não existiria.

Beijos e até mais!

Onde assistir?

Eu assisti Round 6 na Netflix.

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