Quando eu terminei o primeiro episódio de Like a Dragon: Yakuza eu pensei: o que foi que eu acabei de ver? Como toda obra baseada em algo que já é áudio visual, me pareceu uma versão piorada dos games. E pra ser sincero nem como uma obra isolada me parecia algo de fato bom, eu quase parei por ali mesmo.
Porém, como é um dorama curto, são apenas 6 episódios e a maioria de 40 minutos eu resolvi terminar, e até a metade continuava ruim… mas da metade pra frente e principalmente os dois últimos episódios melhoraram bastante, a impressão que fica é que estavam guardando o orçamento (que não deve ter sido muito) para esses episódios.
No final das contas, acabei achando um dorama honesto… mas obviamente fraco como adaptação.
História
A história de Like a Dragon: Yakuza é simples, mas contada de forma complexa. O que pra um dorama de apenas seis episódios considero que foi uma escolha errada. Pois resolveram contar muita coisa em pouco tempo, fazendo com que acontecimentos que deveriam ser mais importantes, ficasse jogados, como se fossem uma desculpa para justificar o que acontecia no presente do dorama.
Vemos os acontecimentos em três período do tempo, anos 80, anos 90 e anos 2000. Acompanhamos Kazuma Kiryu (Ryoma Takeuchi), protagonista dos games e também da série, pelo menos é o que deveria ser… mas chegaremos lá. Órfão, ele vive em um orfanato juntos com outras crianças, pois bem, durante um assalto “bem sucedido” eles acabam roubando dinheiro da Yakuza, em dívida eles resolvem entrar pra o submundo japonês para pagar suas dívidas.
O tempo avança e estamos em 2005, vemos Kazuma Kiryu saindo da cadeia, ele ficou preso por 10 anos por ter “assassinado” um dos chefões da Yakuza.
Até aqui é basicamente a história do jogos jogos, e gente espera que essas idas e voltas no tempo vão mostrar como chegamos a esse ponto certo? Certo! Porém o dorama resolve que quer contar outras 300 histórias ao mesmo tempo, e ainda acrescenta algo que não tinha no game, uma espécie de “seita” que passa o dorama todo assassinando membros da Yakuza.
E veja bem, esse não é de fato um problema. O desfecho das história consegue sim amarrar tudo direitinho no fim e ainda deixa um gancho para a segunda temporada, mas é tanta coisa que resolveram contar em pouco tempo que como disse antes, nada de fato tem tanto peso como deveria ser. Ao contrário do game que tem muito tempo para contar a história.
Mas quando você entra no clima do dorama, você acaba gostando. Só que tem algo que não dá pra fingir, é uma adaptação de um game, e um game que eu adoro… então é impossível não fazer a comparação.
Yakuza com vergonha de ser yakuza
A minha experiência com os games da franquia Yakuza (são muitos games rs) é bastante completa, joguei quase todos os jogos, sendo que os meus preferidos são: Yakuza 0, Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name e Yakuza: Like a Dragon.
Eu costumo dizer que os jogos da franquia Yakuza é um simulador de Japão, é basicamente um melodrama sobre o submundo japonês, repleto de cenas hiperbólicas tanto na ação, quanta na comédia (e a comédia japonesa é bem peculiar), já disse isso por aqui, é puro suco de Japão e da melhor qualidade.
Só que o dorama escolheu o caminho inverso, resolveu esquecer todos os aspectos que fazem a franquia Yakuza ser conhecida e preferiu fazer “mais uma história” sobre o submundo do crime japonês. É ruim? Não, começa ruim mas melhora bastante, mas não é Yakuza.
Depois que terminei o dorama, li que o diretor pediu pros atores não jogarem e não ver nada sobre os jogos, pois eles queriam fazer a versão deles da história. O que é válido, se for fazer a mesma coisa pra que fazer? Mas deixar de lado o diferencial que o dorama podia ter, e escolher fazer mais do mesmo é triste.
Parece que estavam com vergonha de fazer um dorama, e principalmente de fazer um dorama de Yakuza. E vendo que boa parte da produção era ocidental, deu pra entender o propósito, quiseram suavizar os aspectos mais aleatórios da franquia para agradar ocidental (coisa que as poucos até os games vem fazendo). O que não faz sentido nenhum, quem gosta de Yakuza gosta justamente por seus exageros.
Apesar de tudo isso, o dorama é bom
Tentando ignorar que é um dorama baseado em uma franquia de games com características muito peculiares e vendo o dorama como um dorama, ou uma série como queira, é sim uma produção que tem bons momentos.
E vou usar aqui a personagem Yumi Sawamura (Yuumi Kawai) para exemplificar. Enquanto nos games ela é basicamente o interesse amoroso de Kazuma Kiryu, aqui ela tem muito mais importância para a história e tem muito mais a oferecer, eu diria até que ela é mais protagonista do dorama do que o próprio Kiryu, que é renegado a ser o “resolve tudo no braço”.
Yumi é uma personagem interessantíssima, e a atriz também é muito linda (rs). Lembra da dívida que eles tinham com a Yakuza? Pois bem, ela acaba indo parar sendo hostess em um bar, o função dela é agradar os clientes e recepciona-los (não confunda com prostituição, são coisas diferentes). Ela começa tímida, não gostando do que faz, mas logo percebe que ali tem um mina de ouro, e no presente do dorama vemos ela sendo a chefe de um grande bar de Hostess.
É a personagem que tem um melhor desenvolvimento, pois as coisa foram graduais e não necessariamente por causa de um acontecimento chocante (que também acontece). Então tenho que dar o braço a torcer, em relação ao games… melhoram a personagem.
A versão de Nishikiyama (Kento Kaku) melhor amigo de Kiryu, também é muito bem desenvolvida (embora diferente da dos games), o personagem tem um boa evolução e justificativas pra o seu comportamento, mas seu eu falar mais entrego um dos grandes plots do dorama.
E Kamurochō?
Kamurochō é onde a maioria das história dos games Yakuza se passam, ela é quase um personagem por si só. Kamurochō é a versão do games do distrito da luz vermelha Kabukichō em Tokyo, conhecido por ser uma bairro boêmio, cheio de entretenimento adultos, bares e restaurantes e um dos lugares onde supostamente você encontra mais membros da Yakuza.
Na vida real, é basicamente isso mesmo. Mas é um lugar bem tranquilo de frequentar, dá pra você andar tranquilamente até a noite, dificilmente algo muito perigoso vai acontecer com você, já ouviu falar do Robot Restaurant? Então fica lá.
Por ser um lugar muito importante pra história de Yakuza, eu esperava um pouco mais na caracterização, quase não tem diferença entre as décadas de 90 e 2000. Época onde esse bairro mais mudou em relação ao mundo real, tirando a “torre da Yakuza” parece o mesmo lugar. E o fato de quase tudo se passar na praça principal, não ajuda muito, a cara de “foi filmado no estúdio” fica muito evidente.
Não é nada que atrapalhe, mas que poderia ter sido muito melhor… e sem gastar tanto dinheiro.
PS: Essa cena abaixo não tem no dorama
Ok Doug, mas vale a pena?
Se você assistir o dorama sem ter jogado os games, você vai gostar muito mais. De fato não é um dorama ruim (embora metade seja rs), mas se você jogou os games e gostou dos games, vai achar tudo uma versão resumida e piorada dos jogos (assim como toda adaptação de um game, até as boas). Mas assista, é curtinho e é um bom entretenimento.
Trailer
Onde assistir Like a Dragon: Yakuza?
Eu assisti Like a Dragon: Yakuza pelo Prime Video.
Alguns doramas podem não estar mais disponíveis no catálogo dos serviços de streamings e nem a venda, mas estou sempre atualizando os links… então fique sempre de olho.
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